Breve história da Arca da Aliança, o que foi a Arca da Aliança na Bíblia?


A arca da Aliança era o símbolo maior da Kavod כָּבוֹד “substância pesada”, a Glória que vinha do trono e da presença de Deus.

Era o artigo mais sagrado de todos os objetos presentes no Tabernáculo. E o Tabernáculo foi construído para abrigar a Arca, para que Deus pudesse habitar no meio do Seu povo.

A primeira peça de mobiliário feita por Moisés, foi a Arca da Aliança, logo depois que Deus o instruiu a construir o Tabernáculo. E foi posta em cima do propiciatório, entre os dois Querubins, onde somente a Kavod de Deus habitava.

De dia a glória de Deus se manifestava na forma de uma nuvem e de noite viam-na em uma coluna de fogo.

A Arca da Aliança

A arca era uma caixa retangular que media 1,14m de comprimento por 68,58cm de largura. Feita em madeira de acácia coberta de ouro por dentro e por fora, havia uma borda de ouro rodeando sua parte superior, anéis de ouro nos quatro cantos, e bastões de madeira cobertos por ouro para que pudessem carregá-la.

Havia uma tampa para a arca da aliança, feita de ouro puro, era o propiciatório. Em cada extremidade da arca, estavam dois querubins de ouro, um de frente para o outro, com seus olhares dirigidos ao propiciatório. As suas asas se tocavam mutuamente, estendidas para cima.

A bíblia apresenta a arca como uma das mais claras tipificações de Jesus Cristo, assim como eram o altar de bronze, a mesa do pão da proposição, e o altar de incenso. A madeira de acácia representava a vida e o ministério do Senhor. A madeira de acácia era muito dura, quase que indestrutível, e cresce em meio ao deserto do Sinai.

A acácia falava da humanidade de Cristo, que era como a “raiz de uma terra seca” (Isaías 53:2), e que resistiu aos efeitos de deterioração da cruz e da sepultura. O ouro simbolizava a divindade de Jesus. Era Deus que se vestiu da forma humana e habitou entre nós.

A união da natureza humana e divina de Jesus era representada nesta liga nobre, da qual a arca da aliança era constituída, madeira coberta de ouro. Cristo tinha essas duas naturezas. Ele é o Homem-Deus, a expressão da imagem de Deus em sua plenitude.

Assim como ouro deu brilho à madeira da arca, a divindade de Jesus glorificava a Sua humanidade no Seu ministério terreno.

Os objetos sagrados da Arca da Aliança

Originalmente a arca continha três objetos, o pote de ouro que continha o maná do deserto, a vara de Arão que floresceu e as tábuas da lei de Moisés. Todos são também expressões de Cristo e de sua obra salvadora, o que veremos mais detalhadamente a seguir.

O Mana

O maná era o alimento fornecido por Deus para os filhos de Israel durante os 40 anos em que estiveram peregrinando no deserto. A palavra maná מָ‏ן em hebraico, provavelmente deriva de uma pergunta [ Mäh hū, מַה-הוּא , ‘o que é isso?’]. É também conhecido por outros nomes, como o “pão do céu”.

O maná descia do céu todas as manhãs ao redor do acampamento, juntamente com o orvalho no chão, e era similar à geada. Era semelhante a uma pequena semente de coentro de cor branca, e tinha o sabor de bolos feitos com mel.

O chefe de cada casa recolhia um ômer (cerca de 2,2 litros), por pessoa a cada manhã. Era permitido coletar apenas o suficiente para um dia de sustento, exceto no sexto dia, quando eles se recolhiam o dobro da quantidade para o sábado, e havia sempre a quantidade certa para cada israelita. O que fosse deixado no chão, derretia com o tempo com o calor do sol.

E Arão foi instruído a coletar um ômer de maná em um pote de ouro e colocá-lo dentro da arca. O maná revelou que Deus tinha todo o poder de atender e sustentar as necessidades físicas e espirituais de seu povo. O maná anunciava o ministério de Jesus de várias maneiras.

Jesus se declarou o verdadeiro maná “o pão do céu” (Jo 6:32). O maná desceu do céu, em meio ao deserto. Cristo deixou o seu trono, seu lar celeste, e desceu ao ‘deserto’ deste mundo. Assim como o povo tinha livre acesso ao maná, igualmente Deus nos deu acesso livre ao seu Filho, para que pudéssemos ter a vida espiritual.

Os israelitas podiam recolher o suficiente para sustentá-los a cada dia. E assim como precisamos de alimento para sustentar o nosso corpo físico, de forma semelhante, o nosso espírito necessita do alimento espiritual, que é Jesus, o nosso ‘pão’ de cada dia, que mantém a vida com Deus.

A brancura do maná fala de pureza imaculada de Cristo. O maná foi moído e cozido, retratando o sofrimento de Jesus em nosso favor. Ele é o verdadeiro alimento que é suficiente para atender às necessidades de toda a humanidade e satisfazer as almas famintas e sedentas de salvação.

A vara de Arão que floresceu 

O segundo objeto encontrado na arca da aliança era a vara de Arão que floresceu. Em Números 17 vemos a história da vara de Arão brotando. Coré, Datã e Abirão se reuniram 250 líderes das 12 tribos de Israel para contestar o direito dado por Deus a Moisés e Arão de liderar o povo.

Deus abriu a terra, que engoliu Coré e os que com ele estavam. Um fogo que desceu do céu consumiu os outros 250, que se rebelaram contra de Moisés. Moisés foi acusado, logo no dia posterior, pela congregação de Israel, de matar o povo de Deus. Ainda assim, Deus deu mais uma prova de que havia escolhido Arão para ser o sumo sacerdote.

E instruiu Moisés a separar um representante de cada tribo, para trazer uma vara de amêndoa com o nome da tribo inscrita sobre ela. A vara que florescesse indicaria o homem que Deus tinha escolhido para ser o sumo sacerdote. Todas as 12 varas foram postas no Tabernáculo diante do testemunho. Na manhã seguinte, somente na vara de Arão havia crescido flores e amêndoas.

A vara que floresceu era uma imagem, a tipificação da ressurreição de Cristo. Três dias após de sua crucificação e morte, Ele floresceu, brotou e poderosamente ressuscitou para a glória de Deus. E apareceu a inúmeras testemunhas, dez vezes durante um período de 40 dias. Só Ele é “a ressurreição e a vida”.

E como a vara de Arão, Jesus também deu frutos. Ele é as primícias dos mortos. Cristo foi ressuscitado o primeiro a ressuscitar, e em breve todos os crerem Nele serão ressuscitados no dia da sua vinda. Cristo também quer que, com Ele, nós produzamos frutos também. Ele é a videira e nós os ramos. Dele recebemos a seiva da vida eterna, que nos faz florescer em frutos do espírito.

As Tábuas da Lei

A arca da aliança continha também as tábuas da lei. Sobre aquelas pedras estava gravada a lei moral de Deus. O Livro da Lei que Moisés escreveu foi destinado a ser colocado “ao lado” da arca da aliança como testemunha contra os filhos de Israel.

Muitos estudiosos talmúdicos afirmam que o livro da lei foi colocado na arca, segundo o talmude da babilônia (Baba Bathra, 14), mas o Targum de Jonathan, outro ‘tipo’ similar do talmude, relata que ele foi colocado em uma caixa no lado direito da arca.

Toda a vida e ministério de Jesus foram em cumprimento definitivo da lei. Ele foi “nascido sob a lei”, e tinha a lei escrita dentro de seu coração, cumprindo assim toda a escritura. Cristo não veio destruir a lei, mas para cumpri-la. Ele carregou a maldição da lei, se fazendo maldição por nós.

“Porque o fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê.” Romanos 10:4

Uma Breve História da Arca da Aliança

A Arca seguia à frente de Israel

A história da arca foi longa e ilustre. Ela era levada à frente dos filhos de Israel, enquanto viajavam do Sinai até Cades, a caminho do seu lugar de descanso. A arca indo adiante dos israelitas representava o Senhor caminhando à nossa frente, era o pastor à frente das ovelhas do seu rebanho. O bom Pastor está a nos conduzir no caminho que devemos seguir durante a nossa peregrinação no ‘deserto’ deste mundo.

“E, quando tira para fora as suas ovelhas, vai adiante delas, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz.” João 10:4

A arca, figura da Kavod, a presença de Deus, era levada nos ombros dos sacerdotes, e mostrou o caminho na travessia do rio Jordão, quando os israelitas entraram na terra prometida. Ao comando de Josué, os sacerdotes entraram no Jordão e águas se abriram em ambos os lados, permitindo-lhes passar em terra seca.

É a presença do Senhor nos dá este poder de atravessar as águas de problemas e dificuldades. Não é por nossas conotações físicas, mas é pela fé, pelo clamor, pela certeza, por crer e confiar no amor e na misericórdia divina.

Adiante dos israelitas que marcharam ao redor dos muros de Jericó por sete dias ia a arca da aliança. Era o retrato de que Senhor vai a nossa frente para se engajar na peleja e lutar as batalhas juntamente conosco. Por Ele temos a certeza de que somos mais do que vencedores, podemos triunfantemente em Cristo superar o mundo e suas concupiscências.

A Arca da Aliança foi capturada

Vemos o relato em 1 Samuel 4, onde Deus permitiu que a arca fosse levada pelos filisteus por causa da desobediência de Israel. O sumo sacerdote Eli caiu de sua cadeira e morreu de um pescoço quebrado, quando soube que a arca tinha sido capturada.

A arca tornou-se uma maldição para os filisteus. Ela foi levada para a casa de Dagon, o deus da vegetação. O ídolo caiu diante da arca por duas vezes, a segunda queda causou a quebra da cabeça e das palmas das mãos. Tumores e furúnculos se espalharam entre os filisteus, o país deles foi invadido por ratos. A praga sobre os filisteus não cessou até que a arca foi devolvida a Israel.

De forma semelhante, Jesus irá julgar e destruir os deuses deste século, e trará juízo sobre aqueles que não adoraram ao único de verdadeiro Deus.

A Arca da aliança levada por carros de boi

Os homens de Quiriate-Jearim após terem recuperado a arca da aliança, a deixaram na casa de Abinadabe, local em que permaneceu por 20 anos. Depois que Davi estabeleceu o seu reino em Jerusalém, ele colocou a arca em um carro puxado por bois, para transportá-la para Jerusalém, em desobediência à ordem de Deus, pois somente os levitas poderiam transportar a arca.

Durante a viagem, os bois não podiam suportar a presença de Deus e quase derrubaram a arca do concerto, ocasião em que Uzá estendeu a mão para segurá-la, mas morreu imediatamente, porque ele violou a santidade de Deus tocando a arca. Somente os levitas podiam tocá-la.

O que vendo-o Davi, temeu ser julgado por Deus e não levou a arca para Jerusalém, mas a deixou na casa de Obede-Edom (que era gentio), onde ficou por três meses. E este gentio foi muito abençoado. Deus já apontava que a sua graça estaria disponível para os gentios que pusessem Nele a sua fé.