“E Jesus, ouvindo isto, disse: Esta enfermidade não é para morte, mas para glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por ela” (Jo 11:4)
A passagem bíblica que narra a ressurreição de Lázaro tem muito a ensinar acerca da Fé cristã.
O evangelista João destacou o motivo de ter narrado os milagres operados por Cristo: “Estes, porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome” (Jo 20:31). Sem perder de vista o objetivo do discípulo Amado, analisemos a narrativa da ressurreição de Lázaro, irmão de Marta e Maria.
A doença e a morte
Lázaro, irmão de Marta e Maria, ficou enfermo. Marta e Maria (a que enxugou os pés de Cristo após ungi-Lo com um unguento caríssimo) enviaram mensageiros a Cristo para avisá-Lo da condição de Lázaro, dizendo: “Senhor, eis que está enfermo aquele que tu amas” (Jo 11:3).
O evangelista destaca que Jesus amava os três irmãos e, ao ouvir acerca da enfermidade de Lázaro, disse:“Esta enfermidade não é para morte, mas para glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por ela” (Jo 11:4). Mas, a despeito da enfermidade de Lázaro, Jesus permaneceu com os discípulos onde estava por dois dias.
No terceiro dia Jesus disse aos discípulos que retornariam para a Judeia (Jo 11:7), ao que os discípulos objetaram: “Rabi, ainda agora os judeus procuravam apedrejar-te, e tornas para lá?” (Jo 11:8).
Jesus respondeu enigmaticamente: “Não há doze horas no dia? Se alguém andar de dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo; Mas, se andar de noite, tropeça, porque nele não há luz” ( o 11:9 -10 compare Jo 9:4). Ora, Jesus identificou-se como sendo a Luz que veio ao mundo “Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo” (Jo 9:5); “Eu sou a luz que vim ao mundo, para que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas” (Jo 12:46).
Em seguida Jesus disse aos discípulos que Lázaro dormia e que iria despertá-lo do sono, e os seus discípulos entenderam que Lázaro estivesse bem, ou seja, que somente estava repousando (Jo 11:13). Foi quando Jesus disse claramente: “Lázaro está morto; E folgo, por amor de vós, de que eu lá não estivesse, para que acrediteis; mas vamos ter com ele” (Jo 11:14 -15).
Tomé, que nada compreendeu, arrematou: “Vamos nós também, para morrermos com ele” (Jo 11:16).
A cidade de Betânia fica a uma distância de três quilômetros de Jerusalém onde Jesus estava (Jo 10:22), e ao chegar na cidade de Betânia, já fazia quatro dias que Lázaro havia sido sepultado (Jo 11:17). A morte de Lázaro fez com que muitos Judeus fossem à Betânia prestar as suas condolências à Marta e Maria (Jo 11:19).
O encontro de Marta com Jesus
Quando Marta ouviu que Jesus se aproximava, saiu-lhe ao encontro fora da aldeia, enquanto Maria, a que escolheu ficar aos pés de Jesus ouvindo os seus ensinamentos, ficou assentada em casa (Lc 10:42).
Ao encontrar Jesus, Marta disse: – “Senhor, se tu estivesses aqui, meu irmão não teria morrido!”. Embora o irmão de Marta estivesse morto, diante de Cristo a certeza de Marta era esta: Lázaro não teria morrido se o Senhor Jesus estivesse com eles.
Ela não questionou o fato de Jesus não ter se adiantado para atender o seu irmão quando ainda vivo. Ela não questionou a bondade de Deus. Não atribui sua perda a Deus, antes demonstrou uma confiança inabalável, apesar da contingência: – “Senhor, se tu estivesses aqui, meu irmão não teria morrido!” (Jo 11:21).
Após expressar a sua confiança, Marta diz: – “Mas também agora sei que tudo quanto pedires a Deus, Deus to concederá” (Jo 11:22). Mesmo atingida pelas vicissitudes da vida, Marta continuou crendo que, tudo quanto Cristo pedisse a Deus, Deus havia de atendê-Lo.
Mesmo estando enlutada, com os sentimentos fragilizados, não questionou o Mestre como os Judeus que ali estavam fizeram: “Não podia ele, que abriu os olhos ao cego, fazer também com que este não morresse?” ( Jo 11:37 ).
Embora Lázaro estivesse no sepulcro, Marta continuou certa de que Cristo continuava o mesmo (Senhor, se tu estivesses aqui, meu irmão não teria morrido) e, que Deus era com Ele (Mas também agora sei que tudo quanto pedires a Deus, Deus to concederá).
Diante das declarações de Marta, Jesus disse: “Teu irmão há de ressuscitar” (Jo 11:23). Novamente Marta nos surpreende, pois faz uma nova confissão: “Eu sei que há de ressuscitar na ressurreição do último dia” (Jo 11:24). Embora tivesse perdido um irmão recentemente e, apesar da amizade Jesus não ter se adiantado para atendê-los, Marta continuava firme na doutrina que aprendera: – Eu sei! Meu irmão há de ressuscitar na ressurreição do último dia!
Através da asserção: “Eu sei que há de ressuscitar na ressurreição do último dia” (Jo 11:24), verifica-se que Marta era uma pessoa resignada, conhecia o ciclo natural da natureza, mas que o seu irmão havia de ressuscitar no dia determinado. Apesar de a adversidade ter se instalado no lar de Marta, ela estava cônscia de que tudo tem o seu tempo próprio “TUDO tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu. Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou” (El 3:1 -2).
Por conhecer que Deus fez o dia da adversidade que se opõe ao dia da prosperidade, Marta demonstrou resignação ao dizer: – Eu sei! Meu irmão há de ressuscitar na ressurreição do último dia! (Ec 7:14). Como o evangelista João não faz referencia aos pais de Marta e Maria, possivelmente Lázaro fosse o ‘chefe’ da família. Além da dor da perda do irmão, Marta e Maria teriam que enfrentar novos desafios.
Foi quando Jesus fez uma declaração acerca de Si mesmo: “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; E todo aquele que vive, e crê em mim, nunca morrerá. Crês tu isto?” (Jo 11:25 -26).
Marta havia acabado de perder o irmão, e Jesus anunciou ser a ressurreição e a vida. Em nossos dias tal declaração estaria em xeque. – Como Ele é a ressurreição e a vida se meu irmão está morto? Se isso ocorreu em minha casa que Jesus diz amar, que se dirá das famílias que não tem amizade com Ele?
Marta diante da declaração de Jesus confessou: – “Sim, Senhor, creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo” (Jo 11:27). Marta não disse crer na ressurreição do seu irmão Lázaro. Ela não disse crer no sobrenatural. Também não disse crer em milagres ou no impossível. Não! Diante do Autor da Vida, da Luz que veio ao mundo, Marta confessou que cria em Jesus de Nazaré como o Cristo prometido nas Escrituras – O Filho de Deus que havia de vir ao mundo!
Uma confissão como a de Marta em qualquer circunstância é grandiosa, mas a dor de Marta torna sua confissão admirável. A confissão de Marta diante de inúmeros Judeus que reputavam que Cristo era simplesmente o filho de José – o carpinteiro – foi um testemunho vivo da Fé que Marta abraçou.
A Fé que Marta confessou não é subjetiva. Não teve origem nela, antes ela declara segundo o que é verdadeiro em Cristo. A Fé que Marta declarou tem por firme fundamento Cristo. A Fé de Marta não era a certeza de coisas que se esperam, pois ela não esperava que o seu irmão fosse ressuscitado naquele dia, antes a Fé dela era o firme fundamento, pois ela cria n’Aquele que é a ressurreição e a vida; ela cria n’Aquele que mesmo os mortos vivem quando creem n’Ele; Ela cria n’Aquele em quem os que creem e vivem, nunca morrerão.
Quando perguntamos: o que é Fé? A resposta é rápida: ‘Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam’, ou ‘a convicção de fatos que se não veem’, porém, a Fé não diz do que o homem espera, ou do que o homem não vê, antes a Fé diz do ‘fundamento’, diz da ‘prova’.
A Fé de Marta não era proveniente do que ela esperava naquele momento e nem do que ela não via. A Fé de Marta diz do fundamento (Alicerce, base de um edifício, principal apoio, base, causa, motivo), diz da prova (O que demonstra a veracidade de uma proposição ou a realidade de um fato), diz do mesmo artigo de Fé que o discípulo Pedro confessou: “E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mt 16:16).
Alguns tradutores da bíblia chegam a substituir no vero 1 de Hebreus 11 o termo ‘fundamento’ por ‘certeza’ e, ‘prova’ por ‘convicção’, porém, tal substituição é enfatuada, pois o ‘fundamento’ é algo objetivo e a ‘certeza’ uma questão subjetiva. A prova diz de algo objetivo, já a ‘convicção’ diz de questões subjetivas. Portanto, quando lemos Hebreus 11, verso 1, temos que a fé é o firme fundamento e prova! “ORA, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não veem” (Hb 11:1).
Qual o firme fundamento? A resposta é: “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; E todo aquele que vive, e crê em mim, nunca morrerá. Crês tu isto?” (Jo 11:25 -26). O que o cristão espera? A resposta é: a vida eterna, pois esta é a promessa que Ele nos fez “E esta é a promessa que ele nos fez: a vida eterna” (1Jo 2:25).
Diante da pergunta: Crês tu nisso? Crês que Eu sou a ressurreição e a vida? A única resposta para os que creem é: – “Sim, Senhor, creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo” (Jo 11:27).
Tal pergunta não admite como resposta: – Eu creio em milagres; Eu creio no impossível; Eu creio no que espero; Eu crio no que não vejo; Eu creio porque é absurdo; Eu creio no sobrenatural; ou, eu creio em Deus, pois Cristo diz: “NÃO se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim“ (Jo 14:1). Crede ao menos por ver as mesmas obras! “Crede-me que estou no Pai, e o Pai em mim; crede-me, ao menos, por causa das mesmas obras” (Jo 14:11). Mas, bem-aventurados são os que não viram e creram “Disse-lhe Jesus: Porque me viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e creram” (Jo 20:29).
Marta não estava à espera de um milagre. O que Marta esperava já havia alcançado: – “Sim, Senhor, creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo” (Jo 11:27). O que os profetas dava por certo em seus oráculos, e que muitos aguardavam, Marta havia contemplado, e por isso confessou que Jesus era o Filho de Deus que havia de vir ao mundo.
A ressurreição de Lázaro
Apesar de o texto narrar a ressurreição de Lázaro, Lazaro é coadjuvante na história, e suas irmãs protagonistas.
Após confessar que Cristo é o Filho de Deus que havia de vir ao mundo, Marta voltou e chamou Maria, sua irmã, e disse em particular: “O mestre está aqui e te chama” (Jo 11:28).
Quando ouviu de Marta que Jesus a chamou, Maria levantou-se depressa e foi ter com Jesus fora da aldeia, no mesmo lugar onde Marta e Jesus se encontraram (Jo 11:30). Os Judeus que vieram a Betânia consolar Marta e Maria, ao ver Maria sair apressadamente, pensaram que ela fosse ao túmulo chorar e seguiram-na (Jo 11:31).
Quando Maria chegou junto a Jesus, caiu aos seus pés e declarou: – “Senhor, se tu estivesses aqui, meu irmão não teria morrido” ( Jo 11:32 ). Se Marta, que diante do ensinamento de Jesus estava ocupada com muitos afazeres, possuía a convicção abordada anteriormente, não poderia ser diferente a convicção daquela que escolheu a melhor parte: ficar aos pés de Jesus ouvindo sua palavra.
Quando viu Maria chorando jogada aos seus pés, e que os Judeus que acompanhavam Maria também choravam, Jesus comoveu-se, o que O perturbou (Jo 11:33). Ao questionar onde colocaram o corpo de Lázaro, diante da resposta: – ‘Senhor, vem, e vê’, Jesus não se conteve e chorou (Jo 11:35).
Diante das lágrimas de Cristo iniciou-se o burburinho. Uns interpretaram as lagrimas como sinal da afeição de Jesus por Lázaro, e outros questionavam por que Ele nada havia feito para evitar a morte de Lázaro se lhe era possível abrir os olhos aos cegos (Jo 11:36 -37).
O evangelista João narra que Jesus novamente se comoveu e foi ao sepulcro. Para ambientar o leitor, o discípulo Amado descreve o lugar: era uma caverna e havia uma pedra posta sobre ela ( Jo 11:38 ). Foi quando Jesus disse a frase que muitos consideram célebre: – “Tirai a pedra”.
Esta frase ecoou ao longo dos séculos nos púlpitos cristãos, muitas mensagens foram pregadas tendo por tema tal ordem. Há inúmeras mensagens que buscam dar significados à pedra posta à entrada da caverna feita sepulcro. Neste afã, muitas alegorias, simbologias e parábolas são construídas para dar sentido à pedra posta à porta do sepulcro.
Frases como: Deus requer uma parceria com o homem para acontecer o milagre; O homem entra com a fé e Deus com o sobrenatural, ou, assertivas como: a pedra representa a incredulidade, medo, religiosidade, dúvida; a pedra diz dos problemas familiares, financeiros, emocionais, trabalhistas, etc.
Amados, não há na pedra simbologia alguma que deva ser interpretada. Ela foi posta à porta do sepulcro, porque este era o costume dos judeus ao enterrar os seus mortos: sepultar seus mortos em caverna e colocarem uma pedra na entrada. Se o milagre tivesse sido operado em nossos dias, Jesus teria dito: ‘- Removei a terra’, ou ‘Abram a cripta’, etc. Uma pedra semelhante foi posta na sepultura de Jesus, portanto, se a pedra no sepulcro de Lázaro possui um significado específico, o mesmo deveria ocorrer com a pedra posta no túmulo em que o corpo de Jesus foi posto, e de tantos outros judeus.
A Bíblia possui inúmeras figuras e, nenhuma delas possui dois significados distintos. A pedra é utilizada para fazer referencia a Deus e a Cristo, de modo que Deus é apresentado ao homem como a rocha e Cristo como a pedra angular que os edificadores rejeitaram. Portanto, nada há de especial na pedra que estava posta à porta do túmulo onde Lázaro jazia que demande uma interpretação.
Diante da ordem de Cristo, Marta se antecipa e avisa: – “SENHOR, já cheira mal, porque é já de quatro dias”.Para Marta a pedra posta estava servindo ao propósito em que fora colocada: impedir a saída do mau cheiro. O decurso de quatro dias no calor severo da palestina significava decomposição avançada.
Ela fez tal aviso por não esperar um milagre naquele instante. Isto não significa que ela tenha deixado de crer ou que tivesse dúvidas em seu coração. Observe que outros heróis da fé que estampam a galeria construída pelo escritor aos Hebreus têm fatos relevantes que apresenta um quadro semelhante ao de Marta.
Abraão é o pai da Fé, mas ao ser informado que teria um filho com Sara, sendo ambos de avançada idade, ele riu-se do que lhe fora dito por Deus (Gn 17:17). De igual modo, Sara quando ouviu que haveria de conceber, também riu (Gn 18:12 -13). Moisés ficou abismado com a promessa de carne e questionou a palavra de Deus (Nm 11:21 -23).
Todos eles creram em Deus com relação aos bens futuros, porém, não estavam aguardando eventos sobrenaturais, de modo que foram surpreendidos. Dai, a aparente dúvida. Entretanto, a fé que salva eles guardavam. Os pais criam no evangelho anunciado a Abraão, que no seu Descendente seriam benditas todas as famílias da terra, e Marta, por sua vez, cria na pessoa bendita de Cristo Jesus como sendo o Filho de Deus que havia de vir ao mundo (Gl 3:8).
Conclusão
O que o evangelista João escreveu sobre a ressurreição de Lázaro tinha o fito de demonstrar que Cristo é o Filho de Deus, ou seja, não tinha por finalidade dar significado ou por em evidência a pedra posta no túmulo (Jo 20:31). Ele evidencia que Marta e Maria criam em Cristo como o Filho de Deus que havia de vir ao mundo e, que Jesus operou o milagre para que os homens cressem que Ele é o enviado de Deus (Jo 11:42).
Jesus replica Marta: – “Não te hei dito que, se creres, verás a glória de Deus?”
Os que ali estavam, retiraram a pedra da porta do sepulcro onde o corpo de Lázaro jazia e, Jesus levantando os olhos para cima, disse: – “Pai, graças te dou, por me haveres ouvido. Eu bem sei que sempre me ouves, mas eu disse isto por causa da multidão que está em redor, para que creiam que tu me enviaste” (Jo 11:41 -42).
A oração de Cristo ao Pai não foi o elemento catalizador do milagre. A oração só foi feita por causa da multidão e com um propósito bem definido: para que cressem que Cristo era o enviado de Deus.
A certeza do Servo do Senhor era inabalável: – “Eu bem sei que sempre me ouves”, portanto, vale salientar que e a confiança não decorre da oração, antes a oração serve para expressar a confiança naquele que é fiel. A fidelidade de Deus é o motivo da oração, daí advém o agradecimento (graças te dou) e a confiança expressa (bem sei que sempre me ouves).
Após evidenciar o motivo da ordem para tirarem a pedra da porta da sepultura, bradou: – “Lázaro, sai para fora” (Jo 11:43). Diante da ordem, Lázaro saiu ainda com as mãos e os pés enrolados com faixas e o rosto envolto em um lençol. Novamente Jesus fala aos que ali estava: – “Desligai-o, e deixai-o ir”.
O objetivo da vinda de Cristo à cidade de Betânia completou-se: muitos dos judeus que viram o que Jesus fizera, creram nele! A obra ‘maior’ realizada por Cristo não foi a ressurreição de Lázaro, foi fazer com que os judeus cressem n’Ele (Jo 6:29). Naquele momento houve alegria nos céus em função dos pecadores arrependidos (Lc 15:10).
Ao ler esta passagem, devemos ter os olhos bem atentos para ver o milagre maior, pois Jesus alertou para que alegrássemos com os nossos nomes escritos no livro da vida, e não em função de ações miraculosas “Mas, não vos alegreis porque se vos sujeitem os espíritos; alegrai-vos antes por estarem os vossos nomes escritos nos céus” (Lc 10:20). Na maioria das vezes que esta passagem é interpretada, constatamos que toda ênfase é atribuída a ressurreição de Lázaro, mas a ênfase está na confissão de Marta, pois neste evento ela dá um testemunho público de que havia nascido de novo.
De igual modo dá-se ênfase à confiança do homem como se ela fosse o catalizador de maravilhas, porém, o texto demonstra que a ênfase está na Fé, a semente incorruptível, o firme fundamento, que promove a obra de Deus. Esta é a Fé que obra maravilhosamente e que deve ser anunciada: “Acerca de seu Filho, que nasceu da descendência de Davi segundo a carne, declarado Filho de Deus em poder, segundo o Espírito de santificação, pela ressurreição dos mortos, Jesus Cristo, nosso Senhor” (Rm 1:3).
Os homens querem ver a glória de Deus demonstrada através de milagres e até buscam apoio nas Escrituras “Disseram-lhe, pois: Que sinal, pois, fazes tu, para que o vejamos, e creiamos em ti? Que operas tu? Nossos pais comeram o maná no deserto, como está escrito: Deu-lhes a comer o pão do céu” (Jo 6:30 -31), porém, quando Jesus disse: “Esta enfermidade não é para morte, mas para glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por ela” (Jo 11:4), a gloria de Deus decorre de crer que Cristo Jesus é o enviado de Deus (Jo 6:30). Quando Ele diz: “Não te hei dito que, se creres, verás a glória de Deus?”, Jesus não apontou para o milagre da ressurreição do defunto que jazia no túmulo, antes fez referência aos judeus que creram n’Ele “Muitos, pois, dentre os judeus que tinham vindo a Maria, e que tinham visto o que Jesus fizera, creram nele” (Jo 11:45).
Através daquele evento cumpriu-se o objetivo de Jesus ao sair de Betânia: glorificar o Pai, pois Deus é glorificado na Sua plantação “A ordenar acerca dos tristes de Sião que se lhes dê glória em vez de cinza, óleo de gozo em vez de tristeza, vestes de louvor em vez de espírito angustiado; a fim de que se chamem árvores de justiça, plantações do SENHOR, para que ele seja glorificado” ( Is 61:3 ); “Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos” (Jo 15:8).