História de Sadraque, Mesaque e Abede-nego.


A História de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego

A história de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego está registrada no livro de Daniel. Antes de falarmos sobre a história desses três jovens descrita na Bíblia, faremos uma pequena introdução sobre cada um deles.

Sadraque – Hananias

Sadraque foi um dos príncipes de Judá levado cativo para a Babilônia. O nome Sadraque é babilônico e, apesar de muitas tentativas por parte dos estudiosos, nenhum significado realmente satisfatório foi encontrado para esse nome. Já seu nome hebraico, Hananias, significa “Jeová tem sido gracioso” ou “Jeová foi misericordioso”.

É importante que esse Hananias não seja confundido com os outros personagens bíblicos que também tinham esse nome, principalmente com o Hananias filho de Azur, um falso profeta que teve sua morte predita pelo Profeta Jeremias (Jr 28).

Mesaque – Misael

Mesaque foi o nome babilônico dado pelo chefe dos eunucos na Babilônia ao jovem Misael. Seu nome hebraico, Misael, significa “Quem é igual a Deus?”. Já o nome babilônico Mesaque, também tem seu significado muito discutido entre os estudiosos, de modo que não se sabe com exatidão sua interpretação devido ao fato de não se conhecer nenhum nome babilônico como esse.

Entretanto, alguns intérpretes sugerem que Mesaque em acádio pode ter sido Mishaaku, que significa “Quem é igual à Aku?”. Aku era o deus sumeriano da lua. Outros defendem que o nome possa significar apenas “Quem é esse?”, para que fosse evitada a ofensa a um hebreu piedoso.

Abede-Nego (ou Abednego) – Azarias

Azarias, outro jovem hebreu levado cativo para a Babilônia, também teve seu nome trocado para Abede-Nego (ou Abednego) que significa “servo de Nebo”. Nebo era o principal deus cultuado na Babilônia. Por esse motivo, muitos acreditam que os escribas judeus trocaram “Nebo” por “Nego”, para que o nome não honrasse uma divindade pagã. Por outro lado, seu nome hebraico Azarias significa “Jeová tem ajudado”.

Sadraque, Mesaque e Abede-Nego se destacam na Babilônia

A Bíblia não nos fornece muitas informações sobre Sadraque, Mesaque e Abede-Nego. Apesar disso, é possível ter uma clara ideia sobre o perfil desses homens. No primeiro capítulo do livro de Daniel, temos a descrição sobre a chegada dos jovens hebreus na Babilônia. Entre esses jovens estavam Hananias, Misael e Azarias, além, é claro, de Daniel.

Como já dissemos anteriormente, os três jovens, assim como ocorreu com Daniel, também receberam nomes babilônicos (Dn 1:7). A troca de nomes era uma prática muito comum na época, e geralmente indicava o início de uma nova fase na vida.

Originalmente, apesar disso não implicar necessariamente em uma desonra, sabemos que os nomes hebraicos dos jovens faziam referências ao Senhor, e seus novos nomes babilônicos possivelmente faziam referências às divindades pagãs da região, de modo que, se considerarmos esse paralelo, tal situação foi muito difícil para aqueles jovens, e do ponto de vista religioso, podemos entender como uma desonra.

Juntamente com Daniel, os três jovens também se recusaram a comer das iguarias da mesa do rei e tomar do vinho que lhes era servido, sendo alimentados apenas com legumes e água. Inicialmente foi feito um período de prova por dez dias. No final dos dez dias, Daniel, Hananias, Misael e Azarias estavam mais robustos do que os demais jovens que continuaram se alimentando com o banquete real (Dn 1:10-16).

A Bíblia diz que Deus deu aos quatro jovens o conhecimento e a inteligência em toda cultura e sabedoria (Dn 1:17). Após o período de preparação a que foram submetidos, os quatro jovens foram levados pelo chefe dos eunucos à presença do rei Nabucodonosor, e entre todos os outros não havia ninguém que se comparasse aos quatro amigos (Dn 1:18-20).

No capítulo 2 do livro de Daniel, temos o registro de como ocorreu a interpretação do sonho de Nabucodonosor por Daniel. Apesar de não serem figuras centrais desse episódio, sendo apenas citados brevemente no versículo 17, Hananias, Misael e Azarias aparecem desempenhando um papel fundamental diante daquela situação.

Como até então ninguém havia interpretado seu sonho, Nabucodonosor ordenou que todos os sábios fossem mortos, isso incluía Daniel, Sadraque, Mesaque e Abede-Nego. Quando ficou sabendo de tal ordem, Daniel pediu a Arioque, chefe da guarda do rei, um tempo para que ele pudesse apresentar a interpretação do sonho. Então Daniel foi para casa e contou aos seus companheiros o que estava acontecendo, e juntos eles intercederam a Deus pela interpretação do sonho.

Mais tarde, a pedido de Daniel após interpretar o sonho de Nabucodonosor, Sadraque, Mesaque e Abede-Nego foram promovidos a uma posição administrativa na província da Babilônia (Dn 2:49).

Sadraque, Mesaque e Abede-Nego e a fornalha de fogo ardente

No capítulo 3 do livro do Profeta Daniel, encontramos a narrativa que dá maior ênfase a Sadraque, Mesaque e Abede-Nego. Na ocasião, Nabucodonosor fez uma grande imagem de ouro e ordenou que, quando a música tocasse, todos os povos, nações e homens de todas as línguas deveriam se prostrar e adorar a imagem de ouro que havia sido levantada. Quem se recusasse seria lançado na fornalha de fogo ardente (Dn 3:1-7). Esse tipo de fornalha ou forno era muito utilizado na Babilônia para a fabricação de tijolos, porém não era incomum ver tais fornalhas serem usadas em execuções (Jr 29:22).

Como Sadraque, Mesaque e Abede-Nego não atenderam a ordem do rei, logo foram denunciados e conduzidos até a presença do furioso Nabucodonosor. Antes de aplicar a pena capital, o rei ainda tentou convencê-los a se prostrarem diante de sua imagem, terminando seu discurso com a seguinte pergunta: “Quem é o deus que vos poderá livrar das minhas mãos?” (Dn 3:15). A resposta dos três homens foi uma pura expressão de fidelidade a Deus e confiança em Sua vontade.

Responderam Sadraque, Mesaque e Abednego, e disseram ao rei Nabucodonosor: Não necessitamos de te responder sobre este negócio.
Eis que o nosso Deus, a quem nós servimos, é que nos pode livrar; ele nos livrará da fornalha de fogo ardente, e da tua mão, ó rei.
E, se não, fica sabendo ó rei, que não serviremos a teus deuses nem adoraremos a estátua de ouro que levantaste.
(Daniel 3:16-18)

Nabucodonosor ficou transtornado com tal resposta, e ordenou que ascendessem a fornalha sete vezes mais do que o de costume e que Sadraque, Mesaque e Abede-Nego fossem lançados nela (Dn 3:19).

Sadraque, Mesaque e Abede-Nego foram amarrados com seus mantos, túnicas e chapéus e foram atirados na fornalha de fogo ardente. A fornalha estava tão aquecida, e a intensidade das chamas era tão grande, que os homens encarregados de lançá-los na fornalha acabaram morrendo somente por se aproximar dela (Dn 3:22).

Sadraque, Mesaque e Abede-Nego caíram atados dentro da fornalha. Então, Nabucodonosor se espantou, pois no mesmo instante, ele começou a ver quatro homens soltos passeando dentro do fogo, sem nenhum dano, sendo que, segundo Nabucodonosor, o aspecto do quarto homem era semelhante “a um filho dos deuses” (Dn 3:25).

Expressão “filho dos deuses” era comum no mundo antigo e poderia referir-se a seres celestiais. Nesse caso específico, o próprio texto (vers. 28) esclarece que se tratava de um anjo. Muitos estudiosos identificam esse anjo como sendo o “Anjo do Senhor”, e também consideram a possibilidade de ter ocorrido ali um aparecimento de Cristo anterior à sua encarnação.

Diante desse evento sobrenatural, Nabucodonosor chamou a Sadraque, Mesaque e Abede-Nego para fora da fornalha. Mesmo estando em uma fornalha tão aquecida, nem mesmo os cabelos ou as roupas dos homens ficaram chamuscados. Então, Nabucodonosor reconheceu a grandeza do Deus daqueles homens e fez um decreto dizendo que qualquer um que blasfemasse contra o Deus de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego seria despedaçado (Dn 3:28,29).

A Bíblia encerra a narrativa sobre Sadraque, Mesaque e Abede-Nego nos informando que Nabucodonosor os fez prosperar na província da Babilônia (Dn 3:30).

Lições que podemos aprender com Sadraque, Mesaque e Abede-Nego

A fé demonstrada por esses homens deve ser um exemplo para nós, de maneira que podemos aprender muitas lições com essa breve história de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego:

  1. Mesmo longe de sua terra natal e tendo seus nomes trocados, os três jovens não perderam suas verdadeiras identidades. Isso nos mostra que mesmo em momentos de grande adversidade, diante de situações que aos nossos olhos parecem insuperáveis, não devemos nos esquecer de quem realmente somos.
  2. Mesmo diante das regalias e ofertas do rei, Sadraque Mesaque e Abede-Nego mantiveram seus princípios, decidindo não se contaminarem. Infelizmente, hoje em dia muitas pessoas diante da primeira oferta já abandonam suas convicções.
  3. Mesmo vivendo no meio do paganismo, os três jovens permaneceram fiéis a Deus. Muita gente argumenta ser difícil servir verdadeiramente a Deus diante de um mundo depravado, da companhia de pessoas incrédulas e estando inserido em ambientes corrompidos. Mas a história desses jovens nos mostra que a fé verdadeira em Deus é inabalável.
  4. Essa história também nos ensina que apenas Deus é quem tem a resposta para os dilemas mais difíceis, e diante de situações insolúveis a oração é o nosso maior recurso. A resposta de Deus revelando o sonho de Nabucodonosor e sua interpretação a Daniel, nos mostra que a oração dos justos é eficaz.
  5. Também aprendemos que aquele que tem a fé verdadeira prefere a morte à possibilidade da apostasia. O verdadeiro servo de Deus confia no Senhor mesmo que isso custe a sua própria vida.
  6. A resposta de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego diante do questionamento de Nabucodonosor nos dá uma aula acerca da soberania de Deus. Ao invés de dizermos “eu declaro”, “eu tomo posse” e “eu determino” que possamos dizer “se o Deus a quem eu sirvo quiser, Ele fará, se não quiser, continuarei fiel a Ele”. Nosso Deus não é mordomo de homens, Ele é soberano, criador dos céus e da terra, o Deus altíssimo, e não há outro deus como Ele. Nabucodonosor, um rei pagão, parece ter conseguido entender o que muitos crentes da atualidade ainda não entenderam.
  7. O testemunho de quem é fiel reflete a verdade sobre Deus aos olhos do mais corrupto pecador. Nabucodonosor, um homem mergulhado no paganismo, reconheceu o poder de Deus diante da atitude daqueles três homens. Qual tem sido o nosso testemunho diante dos incrédulos? Será que o pecador consegue ver o Cristo ressuscitado reinando em nossas vidas?