Lidando com a incredulidade


Tomé (chamado Dídimo), um dos doze discípulos, não estava com eles quando Jesus lhes apareceu. Os outros discípulos disseram a Tomé: —Vimos o Senhor! Ele, porém, respondeu: —Enquanto eu não vir as marcas dos pregos em suas mãos, não tocar nelas com o meu dedo e não puser a minha mão no seu lado, eu não acreditarei.

Uma semana depois, os discípulos se reuniram de novo e, desta vez, Tomé também estava com eles. As portas estavam trancadas, mas Jesus apareceu no meio deles e disse: —A paz esteja com vocês! Depois disse a Tomé: —Ponha aqui o seu dedo e olhe para as minhas mãos. Estenda também a mão e ponha no meu lado. Não duvide mais, mas acredite. Tomé respondeu: —Meu Senhor e meu Deus! Então Jesus lhe disse: —Você acredita porque me viu? Felizes daqueles que acreditam sem me ver!

João 20: 24-28

Quando leem esse texto, a maioria dos cristãos colocam Tomé em juízo. Elas pensam: – como Tomé pode duvidar da ressureição de Jesus Cristo; – Jesus já havia feito tantos milagres em sua presença e ele ainda duvidou…

O que esquecemos é que Tomé é um retrato perfeito de nossa relação com o Divino. Somos tocados tantas vezes pelo que é espiritual e logo esquecemos quando a primeira preocupação material paira sobre nossa mente.

John Piper, teólogo norte-americano, define a incredulidade como “a falta de confiança nas promessas de Deus, que sustentam a nossa obediência radical no futuro. São promessas que Deus planeja fazer por nós no futuro. ” John Piper.

A temporalidade contribui com a incredulidade

Somos seres completamente firmados na temporalidade. Nossa vida é planejada por fases, nossa remuneração financeira é contabilizada pelo tempo e nossa maior dificuldade é administrar o tempo.

O que quero dizer aqui é que estamos sempre pensando no agora e no futuro próximo. E o evangelho é sempre sobre o agora, o futuro próximo e o futuro distante – que ainda não conhecemos.

O evangelho é sobre confiar sem ver; é sobre crer sem tocar; é sobre esperar e confiar – diferente de tudo que compõe a nossa humanidade.

Por isso, o relacionamento com Deus deve ser baseado em confiança, na leitura da palavra e na oração diária para que a nossa ansiedade seja controlada. Só assim, continuaremos crendo nas promessas de Deus. Abaixo, algumas delas:

“E o meu Deus, segundo a sua riqueza em glória, há de suprir, em Cristo Jesus, cada uma de vossas necessidades” (Fl 4:19).

“Bondade e misericórdia certamente me seguirão todos os dias da minha vida” (Sl 23:6).

“Nenhum bem sonega aos que andam retamente” (Sl 84:11).

“Eu sou o teu Deus; eu te fortaleço, eu te ajudo, e te sustento com a minha destra fiel” (Is 41:10).

Qual foi o erro de Tomé?

O erro de Tomé foi crer no que viu; foi esquecer das promessas; foi abrir mão daquilo que moveu sua vida por tanto tempo em questões de segundos.

O Diabo é tão sutil quando lança dúvidas em nossa mente em todos os momentos. Cabe a nós combatê-las com as próprias promessas de Deus. Não foi isso que Jesus fez quando foi tentado?!

John Piper ensina que estar satisfeito em Deus é a chave para ter fé na graça futura – naquilo que Deus promete fazer por nós em um futuro próximo ou distante.

“Quando falo em fé na graça futura ou satisfação naquilo que Deus promete para nós, estou assumindo que uma parte essencial dessa fé e dessa satisfação é uma compreensão de Cristo como o substituto para suportar o nosso pecado, cuja obediência perfeita a Deus nos é imputada através da fé[…] Essa fé é o poder que corta a raiz do pecado”

E a raiz do pecado é o engano. A própria Bíblia adverte “que nenhum de vocês seja endurecido pelo engano do pecado (Hb. 3:13)

Confiando em nosso Deus, não seremos abalados

A morte de Jesus abalou Tomé de tal forma que ele deixou de estar satisfeito em Deus. Ele deixou de confiar, pois a tristeza tomou conta de seu coração.

A lição que fica para nós é continuarmos satisfeitos em Deus mesmo quando tudo parecer mal; mesmo quando a igreja decepcionar; quando a teologia não conseguir explicar os fatos do cotidiano; quando a maldade das pessoas esfriarem o amor do mundo.

É aí que devemos confiar mais em Deus, que devemos orar e lembrar de suas promessas feitas na Bíblia. Somente confiando em Deus que não seremos abalados. Só assim, seremos vencedores diante da incredulidade.