Referência bíblica:
“Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar. E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também. Mesmo vós sabeis para onde vou, e conheceis o caminho. Disse-lhe Tomé: Senhor, nós não sabemos para onde vais; e como podemos saber o caminho? Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim. Se vós me conhecêsseis a mim, também conheceríeis a meu Pai; e já desde agora o conheceis, e o tendes visto. Disse-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai, o que nos basta. Disse-lhe Jesus: Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem me vê a mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o Pai? ” [João 14:1-9]
Filipe, assim como os outros discípulos, já acompanhava Jesus há muito tempo, mas nem todos faziam parte do círculo íntimo do mestre. Pedro, Tiago e João eram amigos de Jesus e O acompanhavam nas missões mais difíceis. Filipe e os demais apenas andavam com o mestre, mas não o conheciam profundamente. O que isso nos diz?
A intimidade está relacionada à confiança
Durante três anos, os discípulos estiveram com Jesus compartilhando tempo, temores, milagres, histórias e curas. Juntos, eles passaram por muitos episódios que deveriam ter gerado intimidade e confiança. Perceba que a turbulência da tempestade no Mar da Galileia já foi suficiente para que Jesus desse um recado importante:
“E ele, despertando, repreendeu o vento, e disse ao mar: Cala-te, aquieta-te. E o vento se aquietou, e houve grande bonança. E disse-lhes: Por que sois tão tímidos? Ainda não tendes fé? E sentiram um grande temor, e diziam uns aos outros: Mas quem é este, que até o vento e o mar lhe obedecem? ” Marcos 4:39-41
Jesus questionou os discípulos por temerem a tempestade estando com Ele no barco. A verdade é que somos falhos e incapazes de crer que precisamos que Jesus aumente a nossa fé e nos ensine a confiar nele, gerando em nós confiança e, ao mesmo tempo, submissão.
Filipe, assim como muitos de nós, andou com Cristo, mas ainda não era seu amigo íntimo – era mais servo do que alguém próximo do mestre. Perceba a diferença entre ambos:
Servos
– Estão sempre atarefados e não possuem tempo;
– Não sabem aonde o seu senhor vai;
– Não conhecem bem o seu senhor;
– Possuem formalidade excessiva;
– Não prestam atenção em nada que acontece ao seu redor.
Amigos
– Possuem compromissos, mas têm tempo para o próximo;
– Estão sempre juntos;
– Conhecem bem um ao outro, a ponto de partilharem o mesmo modo de falar [Pedro];
– Apelidam carinhosamente [Aba, Pai];
– Conhecem detalhes, dilemas e problemas.
Assim como Filipe, muitos de nós aprendemos a ser servos de Cristo. Passamos algum tempo com Ele, mas não o enxergamos como amigo, mas como chefe. A ausência dessa sensibilidade transforma o nosso relacionamento com Deus em algo extremamente religioso e não libertado. A verdade é que Jesus Cristo não nos chama apenas para o serviço, mas para um relacionamento e uma amizade profunda. Participar de inúmeros afazeres na igreja, esquecendo-se do que é o principal, não agrega, mas destrói.
A história conta sobre um jovem evangélico que participava de muitas atividades da igreja e esforçava-se para ser impecável. Ele tinha tempo para todos os compromissos, exceto para a amizade com Deus. Aliás, quem é Jesus? É o novo líder de alguma área? Está precisando de ajuda? Quando esse precisou de ajuda, pois não via sentido mais em suas atividades, não encontrou a mesma aprovação que tinha antes. Afinal, o único que pode nos aprovar é Jesus Cristo. Finalmente, ele percebeu que Deus não deseja servos, mas Ele nos chama para uma amizade íntima. O trabalho não significa nada se o propósito do coração não for glorificar a Deus e não aos homens.
“Já não os chamo servos, porque o servo não sabe o que o seu senhor faz. Em vez disso, eu os tenho chamado amigos, porque tudo o que ouvi de meu Pai eu lhes tornei conhecido” [João 15:15].