Existem inúmeras referências sobre Jesus no Antigo Testamento, de modo que certamente podemos dizer que todo o Antigo Testamento testifica de Cristo. Logo nos primeiros capítulos de Gênesis, após a Queda do Homem, encontramos a promessa sobre, aquele que esmagaria a serpente (Gênesis 3:15).
Depois, quando Deus fez um pacto com o patriarca Abraão prometendo bênçãos sobre sua descendência, tal pacto e promessa estavam diretamente ligados à vinda e a obra redentora do Messias. Ele é o grande descendente de Abraão, pelo qual todas as nações são abençoadas (Gênesis 12:3; 18:18; 22:18; cf. Gálatas 3:18).
Até quando o mesmo Abraão recebeu a ordem para sacrificar seu filho Isaque no Monte Moriá, Deus proveu um cordeiro para substituir o menino; e claro, aquele cordeiro era um símbolo de Cristo (Gênesis 22).
Mais tarde, quando Deus enviou as dez pragas sobre o Egito para que seu povo fosse libertado, Moisés recebeu instruções da parte de Deus para a celebração da Páscoa (Êxodo 12); e sob a luz do Novo Testamento, entendemos que a Páscoa apontava para o próprio Cristo, nosso Cordeiro pascal, o Cordeiro que tira o pecado do mundo (João 1:29; 1 Coríntios 5:7).
Se Gênesis, que é o primeiro livro do Antigo Testamento, fala de Cristo; o último livro, isto é, o livro de Malaquias, igualmente aponta para o Salvador. O profeta Malaquias profetizou sobre a obra de um mensageiro que o Novo Testamento revela ser Jesus; bem como sobre a pregação do Evangelho que se haveria de se espalhar pelo mundo. A profecia de Malaquias foi tão específica que contemplou, inclusive, o arauto que prepararia o caminho para o Messias, ou seja, o profeta João Batista (Malaquias 1:11; 3:1,2; 4:5).
Até mesmo a expressão “Eu serei seu Deus”, que é muito comum no Antigo Testamento sendo aplicada em diversos contextos, em última análise encontra seu cumprimento final na pessoa de Cristo (Jeremias 31:33; Oseias 2:23; Zacarias 8:8; cf. Hebreus 8:8-13).
O Antigo Testamento fala de Jesus Cristo
Na verdade, todo o Antigo Testamento, seja por promessas, pactos, repreensões ou mesmo símbolos, aponta para o Messias prometido. O Antigo Testamento fala sobre aquele que haveria de cumprir o maravilhoso plano de redenção. Certamente a passagem do Antigo Testamento mais conhecida acerca de Jesus é Isaías 53, onde o profeta Isaías profetiza acerca do Servo sofredor; mas essa é apenas uma de tantas outras.
O próprio Isaías também profetizou que o Messias, o Emanuel, nasceria de uma virgem. Ele ainda disse que seu nome seria “Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Isaías 7:14; 9:6).
O profeta Miqueias, por exemplo, profetizou que o Messias nasceria em Belém (Miqueias 5:2; cf. Mateus 2:1-12). O profeta Ageu também falou acerca da restauração da linhagem de Davi; uma promessa que encontra seu cumprimento final em Jesus (Ageu 2:6-9; cf. Lucas 20:41-44).
Até mesmo o Templo, que recebe grande destaque no Antigo Testamento por ser o local onde a presença de Deus se revelava de maneira especial, é uma figura que aponta para Cristo e sua Igreja; visto que Ele é o Templo final (João 2:21,22), e sua presença hoje habita em sua Igreja (1 Coríntios 6:19,20).
Também, o profeta Daniel teve uma visão em que viu um como o Filho do Homem, o qual recebeu todo domínio e poder para reinar para sempre (Daniel 7:13). Aqui vale lembrar que “Filho do Homem” é a principal auto – designação, de Jesus no Novo Testamento.
O Novo Testamento usa o Antigo Testamento para falar de Jesus
O próprio Jesus, durante seu ministério terreno, deixou claro que o Antigo Testamento aponta para Ele. Certa vez, Jesus censurou os judeus religiosos que diziam examinar as Escrituras, mas não percebiam que elas testificavam dele; e ainda mais diretamente declarou que todo o Pentateuco, isto é, todos os livros de Moisés, testemunham sobre Ele (João 5:39-47). Saiba mais sobre o significado da frase “examinais as Escrituras”.
Talvez a passagem nos Evangelhos mais significativa nesse sentido é aquela registrada pelo evangelista Lucas que narra o episódio dos dois discípulos que andavam no caminho de Emaús. Naquela ocasião Jesus repreendeu os dois discípulos. Ele disse que eles eram néscios e tardios de coração para crer no que os profetas disseram. Então “começando por Moisés, e por todos os profetas”, Ele explicou-lhes “o que dele se achava em todas as Escrituras” (Lucas 24:25-27).
Depois, no mesmo capítulo 24 de Lucas, Jesus ainda declara: “São estas as palavras que vos disse estando ainda convosco: que convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na Lei de Moisés, e nos profetas e nos Salmos” (Lucas 24:44). Ao escutarem isto, o entendimento dos discípulos se abriu e eles compreenderam as Escrituras.
Aqui é importante entender que a informação de que eles compreenderam as Escrituras significa que eles entenderam que todo o Antigo Testamento aponta para Cristo e sua obra de redenção; isto é, o próprio Cristo é o centro no Antigo Testamento, de ponta a ponta; incluindo tudo o que Moisés, os profetas, os cronistas e os salmistas escreveram.
Os apóstolos, ao escreverem suas epístolas neotestamentárias, fizeram uso maciço das Escrituras, justamente por perceberem, com a inspiração do Espírito Santo, que o grande propósito do Antigo Testamento é falar de Cristo. Podemos mencionar aqui algumas passagens que exemplificam isto.
Em Romanos 15:3, o apóstolo Paulo cita o Salmo 69:9 como um salmo que se refere a Jesus. Também, escrevendo aos cristãos de Corinto, ele afirma que em Cristo se cumpre todas as promessas de Deus (2 Coríntios 1:20). O mesmo apóstolo, ao escrever a Timóteo, afirma que o Antigo Testamento é eficaz ao revelar a verdade acerca da salvação pela fé em Cristo (2 Timóteo 3:15-17).
O escritor do livro de Hebreus também utilizou o Antigo Testamento para mostrar a legitimidade, a superioridade e a perfeição do sacerdócio de Cristo. Num dos pontos mais explícitos sobre isso, ele recorre à figura de Melquisedeque e seu sacerdócio, como uma tipificação do sacerdócio de Cristo (Hebreus 7-8; cf. Gênesis 14; Salmo 150).
O apóstolo Pedro igualmente escreveu que os profetas do Antigo Testamento profetizaram, pelo Espírito de Cristo, os sofrimentos e a glória do Messias; e assim apontaram para a salvação pela graça (1 Pedro 1:8-12). Esse termo “profeta” indica todos os escritores veterotestamentários.
Além de todas essas referências, ainda vale lembrar que quando o Antigo Testamento registra Teofanias, isto é, aparições de Deus (cf. Gênesis 18:1; Isaías 6:1-5), ou mesmo manifestações do Anjo do Senhor que apontam para esse tipo de contexto, normalmente se entende que se trata de registros de manifestações pré-encarnadas da Segunda Pessoa da Trindade, visto que nunca ninguém viu a Deus, “mas o Deus Unigênito, que está junto do Pai”, é quem o revelou (João 1:18).
Com tudo isso, fica mais do que claro que ao falarmos sobre Jesus no Antigo Testamento, devemos entender que não são apenas poucas palavras que falam sobre Ele; mas que do começo ao fim as Escrituras testificam da Pessoa de Cristo e de sua obra redentora.