Maomé, o fundador do Islamismo nasceu no ano 570 AD na cidade de Meca, a mais sagrada cidade do Islamismo, natural da tribo Quraysh. Ele começou a ter visões com a idade de 40 anos. De acordo com a tradição islâmica, o Anjo Gabriel apareceu a ele no Monte Hira, próximo de Meca, e fê-lo memorizar o conteúdo de um rolo. Esse rolo continha o começo da Sura 96 do Alcorão (Koran), intitulado “Coágulos de Sangue” porque o homem supostamente teria sido criado dessa substância. Gabriel ordenou a Maomé que recitasse: “Recite!” O Alcorão é designado como um livro de 114 revelações, cada um contendo uma “Sura” ou capítulo. N. J. Dawood, cuja tradução do Alcorão foi publicada como um clássico da Editora Pingüim em 1956, explica o desenvolvimento do “livro revelado”:
“As revelações corânicas seguem-se umas às outras em breves intervalos que foram inicialmente confiadas à memória de “memorizadores profissionais”. Durante o curso de vida de Maomé os versos eram escritos em folhas de palmeiras, pedras ou qualquer outro material que se encontrasse à mão. Sua coleção foi completada durante o Califado de Omar, o segundo Califa e uma versão autorizada foi estabelecida durante o Califado de Otoman, seu sucessor (644-56). Até os dias atuais essa versão é considerada pelos fiéis como a autêntica “palavra de Deus”.
De acordo com a Sura II, vs. 98, “Gabriel revelou o Alcorão como um guia que viesse a confirmar as escrituras precedentes, ou seja, o Antigo e o Novo Testamento da Bíblia”. E mais ainda: “Deus agora revelou o melhor das escrituras, um Livro… livre de qualquer defeito” (Sura XXXIX,vs.23). Deus diz a Maomé: “Não te digo nada que não foi dito aos outros apóstolos que vieram antes de ti”(Sura XLI,vs.42). Os próprios apóstolos admitiam que eles traziam uma fé mais iluminada – e o mesmo se dá com Maomé, o maior de todos os apóstolos (Sura XLI).
Nós aceitamos o seguinte desafio do Alcorão: “Eles não meditarão sobre o Alcorão? Se ele não tivesse vindo de Deus, certamente eles teriam encontrado nele muitas contradições”(Sura IV, vs. 82).
Pois nós lemos o Alcorão e encontramos muitos ensinamentos que contradizem frontalmente as doutrinas da Igreja Católica, a única Instituição na face da terra que recebeu diretamente de Deus o mandato de ensinar (Mt. 29,19), governar (Mt. 18,18) e santificar (Lc 22, 19) toda a humanidade. Todo o inteiro conjunto de verdades reveladas, ou seja, tudo o que Jesus Cristo ensinou (Mt 28, 19-20) foi confiado à Igreja para a iluminação das nações. É portanto dever da Igreja, preservar, interpretar e proclamar essas verdades da revelação. Nenhuma outra organização ou pessoa recebeu esse encargo.
A primeira contradição diz respeito à criação. As Sagradas Escrituras asseguram: “No início Deus criou céu e terra”(Gen.1,1). Isso é o mesmo que dizer: no princípio dos tempos, quando apenas Deus existia. “Criar” significa trazer, conceber do nada: ex-nihilo. Em outras palavras, apenas Deus cria. Apenas Ele pode estabelecer uma ponte entre infinitas distâncias ou o vácuo entre o ser e o não-ser. Ao contrário, o homem pode fazer coisas apenas a partir de algo pré-existente. Ele não pode criar. Ele é uma criatura, algo que existe fora de Deus. Mas o Alcorão declara que Deus criou o homem a partir de uma matéria pré-existente:
“Homem, se você duvida da Ressurreição, lembre-se que primeiramente Nós o criamos do pó, depois de um germe vivo, depois de um coágulo de sangue e a partir de então de uma dobra de carne que começava a se formar…” (Sura XXII, vs.5).
Como nós citamos logo acima, a Sura XCVI, vs. 1 afirma: “Recite em nome do seu Senhor que criou o homem a partir de coágulos de sangue”. Já aqui temos uma narração completamente diferente: “Eu estou criando o homem do barro, de uma massa negra modelada…”(Sura XV, vs. 19).
Antes que Deus tivesse criado o homem, “Ele criou Satanás de um fogo sem fumaça” (Sura XV, vs.19), e Satanás vangloriou-se: “Eu sou mais nobre do que ele. Vós criaste-me do fogo, mas ele foi criado a partir da lama”(Sura XXXVIII, vs.76).
Nós acreditamos que Satanás pecou pelo orgulho. Ele desejava ser igual a Deus e recusava-se a submeter-se à Vontade Divina e por esse motivo foi expulso do Céu para sempre. O Alcorão sustenta que Satanás foi expulso do Céu porque se recusava a adorar o homem: “Quando eu tiver formado o homem e soprado nele o Meu espírito, ajoelhem e se prostrem diante dele”. Os anjos então se prostraram um a um, exceto Satanás. Ele recusou-se a prostrar-se junto com os demais… Vá-te Satanás!- Disse Deus – “Sede maldito. Minha maldição estará contigo até o dia do Julgamento” (Sura XV, vss 19-32).
O Alcorão nega outra verdade fundamental do Catolicismo: a Divindade de Jesus Cristo. O Salmista descreve o Messias dizendo: “Tu és meu filho, eu hoje te gerei” (Salm. 2,7). Além disso o Messias partilha do trono de Yahweh: “Assenta-te a minha direita, até que eu faça de teus inimigos, o escabelo de teus pés”(Salm 109,1). Ele é o Emanuel, Deus-Conosco (Is. 7,14), e é também chamado El Gibbor (Deus Poderoso), um título que o Messias compartilha com Yahweh (Is. 9,6; 10,20).
Pelo menos cinco vezes nos Sinóticos, Jesus explicitamente declara ser Ele mesmo o Filho de Deus (Mt. 11, 25-27; Mc.12, 1-9; 13, 32; 14, 61-62) e implicitamente muitas outras vezes. Os Judeus compreenderam plenamente as divinas prerrogativas de Nosso Senhor Jesus Cristo e por isso mesmo buscavam matá-lo: “Eu e o Pai somos Um”(Jo.10,30). Os Judeus queriam apedrejá-Lo por blasfêmia… “Não é por alguma boa obra que te queremos apedrejar, mas por uma blasfêmia, porque, sendo homem, te fazes Deus”. (Jo. 10,33).
Uma das mais marcantes provas da pré-existência de Nosso Senhor como divino Filho de Deus é encontrada no prólogo do Evangelho de São João: ” No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. 2 No princípio ele estava com Deus. 3 Todas as coisas foram feitas por meio dele e sem ele nada foi feito”. (Jo 1, 1-3).
Não obstante todas as evidências tanto no Antigo como no Novo Testamento de que Jesus Cristo é o “Filho Unigênito de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos, Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial ao Pai, por meio do qual todas as coisas foram feitas…”(Credo Niceno), o Alcorão insiste que Nosso Senhor é simplesmente uma criatura: “Jesus é como Adão aos olhos de Deus. Ele o criou do pó e então disse-lhe: “Seja” e ele “foi feito”(Sura III, vs. 51-59).
“Deus proíbe”, exclama o Alcorão, “que se diga que Ele tenha gerado um Filho”(Sura XIX,vs.29). “Aqueles que acreditam que Deus gerou um filho, pregam uma monstruosa falsidade” (Sura XIX, vs. 88), pois “Deus é Um…, e Ele não gerou ninguém” (Sura CXII, vs. 1). O Alcorão então conclui dizendo: “Assim, creiam em Deus e em seus apóstolos e não digam: Três”(Sura IV, vs. 174).
Segue-se que Maria também não é Mãe de Deus: “O Messias, Jesus, o filho de Maria, não era mais do que um simples apóstolo de Deus e Sua palavra com a qual Ele formou Maria, era um espírito proveniente Dele”. (Sura XL, vs. 171).
“Infiéis são aqueles que dizem: “Deus é o Messias, o filho de Maria” (Sura V, vs. 70).
Que a Bem Aventurada Virgem Maria é verdadeiramente Mãe de Deus, todos sabemos! Este é um dogma de fé definido pelo Concílio de Éfeso no ano 431. Isso de modo algum significa que Maria, uma criatura de Deus, tivesse existido antes de Deus ou precedido a Divindade. Por sua completa aceitação dos planos de Deus, comunicados a ela na Anunciação, Maria se tornou a partir de então, a mãe do Deus que existia antes mesmo que o tempo fosse. Cristo tomou a Sua forma humana e Sua natureza humana de Sua mãe Maria; Ele era verdadeiramente “o Filho de Maria” (Mc 6,3). Os muçulmanos, seguindo o que declara o Alcorão, rejeitam esse artigo de Fé porque estão convencidos de que isso significa que Maria produziu também a natureza divina de Jesus.
A divina maternidade é a raiz de todos os privilégios de Maria. Um desses privilégios é a sua Imaculada Concepção: um privilégio único pelo qual Ela, em vista dos futuros méritos de seu divino Filho, foi concebida isenta da mancha do pecado original no ventre de sua mãe Santa Ana. Esse dogma foi definido como artigo de Fé em 8 de dezembro de 1854, pelo Papa Pio IX, em sua Bula Ineffabilis.
Um outro privilégio de Maria é a sua Perpétua Virgindade: ela permaneceu virgem durante toda a sua vida – antes, durante e depois do nascimento de Jesus Cristo.
A Assunção da Bem-Aventurada Virgem é ainda outro privilégio: no final de sua vida terrestre, ela foi assunta ao Céu , glorificada no corpo e na alma. Esta doutrina foi solenemente definida pelo Papa Pio XII no dia 1 de novembro de 1950 (Constituição Apostólica Munificentissimus Deus).
Uma vez que o Alcorão nega a fé na divina maternidade de Maria, automaticamente desacredita em todos os demais privilégios que emanam dele, inclusive o fato de Maria não ter passado pelas dores do parto. Se Maria ficou isenta da mancha do pecado original, e se as dores do parto são uma das conseqüências do pecado original (Gen 3. 16), então é óbvio que a Bem Aventurada Virgem concebeu Nosso Senhor sem ter que passar pelas dores associadas ao nascimento de um filho.
A seguinte descrição que faz o Alcorão, das circunstâncias que envolveram o nascimento de Cristo, claramente vão contra tudo o que descreve as Sagradas Escrituras e a Doutrina Católica:
“Logo depois de o ter concebido ela se retirou para um lugar isolado. E quando ela sentiu que estava no meio do trabalho de parto, ela se deitou em um tronco de palmeira gritando: “Oh quisera eu ter morrido e caído no esquecimento! “Mas uma voz vinda de debaixo gritou para ela: “Não se desespere. O seu Senhor providenciou uma fonte que jorra em teus pés e se você sacudir o tronco dessa palmeira, ela derrubará doces e frescos frutos (dátiles) à sua volta. Portanto coma-os e se alegre; e se você encontrar pela frente qualquer mortal, diga-lhe: “Eu fiz um voto ao Misericordioso, de jejuar e por isso não falarei com nenhum homem no dia de hoje”. (Sura XIX, vs. 22).
Onde é que está a saudação do Anjo Gabriel a Maria? “Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo”(Lc 1,28)? Nem sequer se menciona São José! Nem ali e nem no resto de todo o livro, pelo contrário, toda uma Sura de nove páginas é dedicada a José, o filho de Jacó. A miraculosa natureza da concepção de Maria é completamente rejeitada: “O Espírito Santo descerá sobre ti, e a força do Altíssimo te envolverá com a sua sombra. Por isso o ente santo que nascer de ti será chamado Filho de Deus.” (Lc 1, 35). Isabel, a prima de Maria também proclama que Maria é Mãe de Deus: “Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe do meu Senhor?” (Lc1,43).
Além do mais, a Virgem Maria deu a luz a Nosso Senhor num estábulo e o depôs numa manjedoura envolvido em faixas. Ela não estava deitada debaixo de nenhuma palmeira. Imaginem que cena absurda: Nossa Senhora passando por dores tão insuportáveis que preferia morrer e cair no esquecimento! Mas ainda assim o Alcorão afirma: “Tal era Jesus, o filho de Maria. Esta é toda a verdade e eles ainda duvidam”(Sura XIX, vs.29).
Além de tudo isso, a Virgem Maria parece ser confundida com Miriam, a irmã de Moisés e Aarão:
“Carregando a criança ela veio até o seu povo que disse a ela: “Maria , isso é de fato uma coisa muito estranha! Irmã de Aarão…”(Sura XIX, vs. 28). Em um pequeno rodapé, o ensaio de Dawood tenta proteger a integridade do texto: “Os comentaristas muçulmanos negam a acusação de que existe uma confusão entre Miriam, irmã de Aarão, e Maryam (Maria), a mãe de Jesus. “Irmã de Aarão, nesse contexto simplesmente significa: “mulher virtuosa”.
De qualquer forma, não existe tal referência nas Sagradas Escrituras concernente a Nossa Senhora, muito embora no Novo Testamento, Isabel, a mãe de João Batista e portanto prima de Maria, é apresentada como descendente de Aarão (Lc 1,5). A palavra freqüentemente é usada em seu sentido literal (Mt. 9,19; Mc 5,35), mas era também freqüentemente usada para uma mulher de certa raça ou religião como uma das filhas os Hebreus (Jud. 10,12) ou como um termo carinhoso de cunho familiar (Mt.9,22) . Os profetas por exemplo freqüentemente se referem a Jerusalém como “Filha de Sião”(Is 37,22; Jer 4,31, Miq. 4,10). Mas “Maria” e “Filha de Sião” nunca são encontradas juntas nas Sagradas Escrituras.
O Alcorão acusa os Católicos de adorarem Maria como um deus (Sura V, vs. 1,14) o que é patentemente falso. Nenhuma pessoa ou coisa pode tomar o lugar de Deus ou ser honrado de um modo reservado exclusivamente a Deus, pois isso é idolatria e Deus o proíbe com extremo rigor. Todo o culto que não é dirigido diretamente a Deus deve ser subordinado a Ele (Êxodo 20,3-5).
Hiperdulia é a honra ou veneração dedicada à Virgem Maria devido à sua suprema dignidade como Mãe de Deus e sua conseqüente e única santidade: “cheia de graça”. Mas isso é bem diferente da adoração que é devida apenas a Deus (latria), pois reconhecemos que Maria é apenas criatura. Uma vez que Maria é mais santa e mais nobre do que todos os santos e anjos, a honra que ela merece também é maior do aquela tributada a eles (dulia). Hiperdulia implica a reverência amorosa de um filho de Deus por Sua mãe e também nossa mãe, bem como a confiança em seu poder de intercessão junto ao Divino Filho. Da mesma forma, o Alcorão insiste que nós Católicos deificamos os santos (Sura XVII, vs. 52). A veneração dos santos, contudo, é indiretamente um culto a Deus, O qual os criou e os santificou tornando-os Seus amigos.
A santidade, o triunfo e a glória desses santos não são outra coisa senão o reflexo dos atributos de Cristo, seu Modelo e Mediador. Uma clássica resposta à acusação de que os Católicos deificam os santos, pode ser encontrada no “Martírio de Policarpo”. Quando os Judeus apelaram aos magistrados para que não entregassem o corpo de Policarpo aos Católicos, eles disseram “tão logo eles abandonam o outro Crucificado, eles começarão logo a adorar esse ai”. Mas, Marcion respondeu: “Isso foi feito por instigação e insistência dos judeus, os quais também assistiram quando nós íamos tirá-lo do fogo. Ignorando que nós jamais poderemos esquecer Cristo, o qual sofreu pala salvação de todo o mundo e daqueles que já foram salvos. Por mais inocentes que sejam os pecadores, não podemos cultuá-los mais do que Jesus. Pois nós amamos os Mártires como discípulos e imitadores do Senhor, merecidamente assim, por sua insuperável devoção ao seu Rei e Mestre. Que isso possa também ser a nossa porção para sermos seus companheiros e discípulos amigos!” (17, 1-3).
O divórcio é um outro assunto que contraria totalmente o ensinamento da Igreja Católica. Nosso Senhor restaurou o Matrimônio em sua dignidade primitiva ao insistir na indissolubilidade do laço matrimonial promulgada pela Santíssima Trindade logo no início da história humana: “Portanto não separe o homem, aquilo que Deus uniu”.
Comparem agora essa declaração de Nosso Senhor com aquela encontrada no Alcorão:
“E quando Zayd (o assim chamado filho adotivo de Maomé) divorciou-se de sua mulher, Nós a demos a você (Maomé) em casamento, de forma que se torne legítimo para os verdadeiros fiéis, se casarem com as esposas de seus filhos adotivos se eles se divorciarem delas”. (Sura XXXIII, vs. 37).
“Não será nenhuma ofensa para você se divorciar de suas mulheres antes que o casamento tenha sido consumado ou o dote estabelecido”(Sura II, vs. 236). Um claro caso de poligamia é assegurado na Sura IV, vs. 126: “Por mais que você tente, você não pode tratar todas as suas esposas imparcialmente”. E novamente:
“Lícitas a você, Maomé, são as mulheres crentes e as mulheres livres daqueles a quem foi dado O Livro antes de você (judias e cristãs). Providencie para que você dê a elas seus dotes e as honrem, não cometendo fornicação e nem tomando-as como amantes”. (Sura V, vs. 5)
“Crentes, não se aproximem das orações quando vocês estiverem bêbados, mas esperem até que vocês estejam conscientes de suas palavras; nem quando vocês estiverem poluídos: se vocês se aliviaram (masturbação) ou tiveram relações com uma mulher enquanto estavam viajando e se encontravam num lugar onde não tinha água, tomem um pouco de areia limpa e esfreguem em suas faces e em suas mãos” (Sura IV, vs. 43).
“O adúltero pode se casar apenas com a adúltera ou uma idólatra; e a adúltera pode se casar apenas com um adúltero ou idólatra. Aos verdadeiros crentes são proibidos tais casamentos (Sura XXIV, vs.1). Crentes, se vocês se casarem com mulheres crentes e divorciarem delas antes que o casamento tenha sido consumado, vocês estão dispensados de observar o período de espera (Sura XXXIII, vs. 45).
E de acordo com o Alcorão, essas orgias continuam no Paraíso onde a concupiscência não conhece limites:
“Eles, os verdadeiros crentes sentar-se-ão junto a tímidas virgens de olhos negros, tão castas quanto os ovos chocados pelas avestruzes”(Sura XXXVII, vs.48).
“Reclinando-se sobre macios divãs, eles não sentirão nem o calor escorchante nem o frio cortante. Árvores espalharão em volta deles as suas sombras e frutos ficarão dependurados em cachos sobre eles. Eles serão servidos em pratos de prata, copos finos e grandes cálices… Eles serão servidos por jovens agraciados com a eterna juventude cujos olhos ao contemplá-los serão como pérolas espalhadas. Quando você contemplar essas cenas, você estará contemplando um reino maravilhoso e glorioso” (Sura LXXVI, vs. 13-20).
Concluindo, temos que concordar com essa passagem do Alcorão que questiona: “Quem é mais malicioso do que o homem que inventa uma falsidade sobre Deus ou nega Sua revelação”(Sura VI, vs. 21)? Bem como com a resposta que se encontra no próprio Livro: “Ele (Maomé), o qual inventou o Alcorão” (Sura XLVI, vs.7).
O QUE SIGNIFICA “TER O MESMO DEUS”?
- Ter “o mesmo Deus” não quer dizer ter algumas noções em comum sobre Deus, como acontece entre Católicos, judeus e muçulmanos;
Ter o mesmo Deus, é crer no mesmo Deus; crer as mesmas coisas sobre Deus. O que significa – dado que “Deus em pessoa ninguém jamais viu” e que “o Filho único que está no seio do Pai no-Lo revelou” – que é necessário aceitar o testemunho que Deus próprio deu de si mesmo na sua única revelação.
- Objetivamente só existe um único Deus, por isso só pode existir uma única verdadeira Revelação deste único verdadeiro Deus; portanto, o homem não pode fazer abstração desta revelação sem fazer injúria a Deus.
Conseqüentemente, só pode haver uma única verdadeira Fé em Deus, do mesmo modo que é único o verdadeiro Deus e é única a sua Revelação: “unus Deus, una fides” (Ef 4,5).
Em resumo, temos o mesmo Deus, quando acreditamos nas mesmas coisas sobre Deus, e cremos nas mesmas coisas sobre Deus, somente quando cremos na sua única Revelação.
PODEMOS DIZER QUE TEMOS O MESMO DEUS QUE JUDEUS E MUÇULMANOS?
Evidentemente não temos o mesmo Deus que eles:
- Porque eles não crêem na Revelação Divina, seja por ignorância, seja por desprezo ou resistência à pregação da Fé;
- Porque, conseqüentemente, eles não crêem nas mesmas coisas sobre Deus que nós acreditamos.
É ENTÃO, CORRETA A CLASSIFICAÇÃO: CRISTÃOS, JUDEUS E MUÇULMANOS, COMO RELIGIÕES DE IDÊNTICO MONOTEÍSMO?
Não. O monoteísmo Cristão, à luz da Revelação divina, afirma Deus tal qual Ele é realmente: Um em sua Natureza e Trino nas suas Pessoas. O monoteísmo judeu-muçulmano e também o dos filósofos pagãos afirmam Deus um em natureza e um em pessoa.
Por isso, a Igreja, a começar pelos Santos Padres, introduziu o termo TRINDADE como “nome substantivo próprio ao verdadeiro Deus… por causa da necessidade de distinguir o Deus da Revelação do deus da filosofia, dos judeus e dos pagãos” (Padre Ceslão Pera O.P. na Suma Teológica dos Dominicanos da Itália vol.III,p.112, nº 1).
Uma comparação ajuda a compreender. Assim não podemos dizer que quatro e três são o mesmo número, pela simples razão de que três está contido em quatro; assim também não podemos dizer que o Deus da Revelação.
Nosso Deus, é o deus dos judeus e muçulmanos, pelo simples fato de que têm em comum a unidade de natureza.
Mais ainda, judeus e muçulmanos não se limitam a afirmar a unidade de natureza, mas afirmam também a unidade de pessoa em Deus, se colocando em aberta oposição à Revelação divina. O deus que eles adoram não existe; é um falso deus.
MAS A IGREJA ENSINA QUE PODEMOS CHEGAR AO CONHECIMENTO DE DEUS PELA LUZ NATURAL DA RAZÃO; ORA, ESSE CONHECIMENTO NÃO CHEGA À TRINDADE DE PESSOAS
A Igreja afirma a possibilidade de se conhecer com certeza a existência de Deus por meio das coisas criadas (Vaticano-I, Denz 1806); e ao mesmo tempo afirma:
- Que este conhecimento natural de Deus não é a Fé;
- Que aquilo que podemos conhecer de Deus pela luz natural da razão não é suficiente para a salvação;
- Que “no estado atual do gênero humano” as verdades religiosas naturais só podem ser conhecidas “por todos facilmente, com uma firme certeza e sem mistura de erros” unicamente pela Revelação divina (Diniz. 1786).
É CERTO DIZER QUE JUDEUS E MUÇULMANOS CRÊEM NO DEUS UNO?
A Igreja ensina que a Fé “é um ato sobrenatural, pelo qual a inteligência, sob a influência da graça, adere à verdade revelada por Deus”(Vaticano-I Denz. 1789).
Por isso Santo Tomás afirma que “mesmo os infiéis acreditam em Deus. No entanto, para os infiéis crer em Deus não deve ser tido como um ato de Fé (II II q.2 a2).
Se certas verdades acessíveis à razão humana (existência de Deus, unidade de Deus) são aceitas sob o testemunho de Deus, são objetos da Fé. Se ao contrário são aceitas pelo testemunho da razão, não são mais objeto do conhecimento da Fé, mas simples conhecimento racional (filósofos pagãos).
Ora, os muçulmanos aceitam certas verdades religiosas naturais sob o testemunho de um homem, Maomé, que não somente não é uma testemunha acreditada por Deus, como também espezinhou toda a Divina Revelação, adulterando-a e corrompendo-a.
Para os muçulmanos, portanto, as verdades religiosas são objetos de simples crença humana, que nada tem a ver com a Fé sobrenatural fundada sobre o testemunho verdadeiro e acreditado por Deus, a Fé Católica.
Dizer ao muçulmanos que eles têm o mesmo Deus que nós significa bloquear-lhes, se ela existe, a procura sincera da Verdade revelada e fechar-lhes o caminho da salvação, porquanto o conhecimento natural de Deus ou a crença humana em Deus são absolutamente insuficientes para a salvação.
E QUANTO AOS JUDEUS?
Devemos distinguir os Judeus do Antigo Testamento – Patriarcas e Profetas – dos judeus de hoje.
MAS OS PATRIARCAS E PROFETAS NÃO CHEGARAM AO CONHECIMENTO DA TRINDADE. PODEMOS DIZER QUE TEMOS O MESMO DEUS QUE ESSES SANTOS HOMENS?
Evidentemente, temos o mesmo Deus que os Patriarcas e Profetas do Antigo Testamento.
- Porque Patriarcas e Profetas acreditaram como nós em Deus, no único e verdadeiro Deus, que começou a se revelar no Antigo Testamento e completou sua Revelação no Novo Testamento.
- Porque nesta Fé sobrenatural, patriarcas e profetas abraçaram de maneira implícita, no tempo da promessa, o mesmo objeto material da Fé que, tendo sido cumprida a promessa, nós abraçamos de modo explícito.
A Revelação divina, de fato, foi progressiva e contínua, em seu núcleo primitivo, naquilo que havia sido revelado anteriormente.
Assim a Revelação primitiva ou adâmica e a Revelação mosaica continham já em germe o Cristianismo. No Antigo Testamento temos a plena e perfeita revelação da unidade de Deus. A Trindade de Pessoas, no entanto, é somente indicada de maneira velada, porque o Povo de Deus, em meio aos pagãos, não suportaria o jugo do monoteísmo, se lhes fosse revelada a Trindade de Pessoas. Ao mesmo tempo, Deus os preparava para a Revelação plena e perfeita do Novo Testamento.
Nesta Fé sobrenatural dos Patriarcas e Profetas estavam implicitamente contidos todos os artigos do nosso Credo. Na Suma Teológica, II IIae. q. 1 a. 7, Santo Tomás de Aquino afirma que a Revelação divina não recebeu nenhum acréscimo essencial, mas somente tornou explícito: como a realidade na sua figura.
Os Judeus do Antigo Testamento, aceitando de Fé explícita as verdades até então reveladas por Deus, aceitavam de Fé implícita tudo aquilo que seria revelado de maneira singular e circunstaciada aos Apóstolos. “Se credes em Moisés, afirmava o Nosso Senhor, credes em mim também” (Jo 5,46).
Além disso, os Patriarcas e Profetas sabiam muito bem que a Revelação divina não estava encerrada (Deut.18,14-20) e viviam na espectativa daquele ao qual fora reservada a revelação da Trindade. E São Paulo afirma: “É na Fé que eles morreram, sem ter obtido o objeto das promessas, o qual viram e saudaram de longe” (Heb 11,13).
Aquilo que eles “viram na Fé” e “de longe”, nós abraçamos com um olhar de Fé explícita. Por isso, os Patriarcas e Profetas são nossos Pais na Fé.
PODE-SE DIZER O MESMO DOS JUDEUS DE HOJE?
Os judeus depois da vinda do Salvador não estão mais no mesmo caso dos Patriarcas e Profetas, porque uma coisa é ignorar aquilo que Deus ainda não revelou, outra coisa é rejeitar explicitamente como injúria e heresia aquilo que Deus revelou, sustentando contra a Revelação divina que Deus é um em pessoa como em natureza.
Por isso Jesus disse aos judeus que não queriam aceitar a Revelação: “Se eu não tivesse vindo e se não lhes tivesse falado, estariam sem pecado; mas agora seu pecado é sem excusa” (Jo 15,22), “Se fosseis cegos, não teríes pecado. Mas, de fato, dizeis: “nós vemos”! e o vosso pecado permanece” (Jo 9,41).
Recusando acreditar em Jesus Cristo eles recusaram a Fé, não em um homem, mas em Deus, no mesmo Deus no qual acreditavam os Patriarcas e Profetas. “Deus tendo nos falado outrora por muitas vezes e de muitos modos a nossos pais pelos profetas, ultimamente, nestes dias, falou-nos por meio de seu Filho…” (Hb.1,1-2).
Portanto, os judeus de hoje, “trocaram de Deus” e, por isso, a Igreja os chama “pérfidos” que quer dizer aquele que renega a Fé.
Portanto, não há nada mais falso e contrário à Fé Católica do que dizer a judeus e muçulmanos que compartilhamos com eles a mesma Fé no Deus único.
Lembremo-nos de que a Igreja já se pronunciou sobre esse ecumenismo: “Os esforços (ecumênicos) não têm direito à aprovação dos Católicos, porque eles se apoiam sobre essa opinião errônea de que todas as religiões são mais ou menos boas e louváveis, nisto que revelam e traduzem todas igualmente, ainda que de modo diferente, o sentimento natural e inato que nos leva a Deus e nos inclina ao respeito diante de seu poder…” (Pio XII na Encíclica Mortalium Animus).
Autor: dr. Ludwig OTT
Fonte: Jornal “Angelus Press” (Dez./98)
Tradução: Gercione Lima