A humanidade perdeu a liberdade por estar cativa da condição proveniente condenação e da punição imposta a ofensa de Adão. Ele não ficou cativo quanto à sua vontade (livre arbítrio), e sim com relação à sua natureza. A natureza do homem passou à condição de escrava do pecado (morto), o que cortou o vínculo do homem com aquele que é a vida.
Nenhuma condenação
“PORTANTO, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito” (Rm 8:1)
A Queda
Após a queda Adão passou a condição de morto para Deus e vivo para o mundo. Esta condição está atrelada à natureza do homem.
Adão foi criado com uma natureza segundo a natureza divina: santo, justo e bom. Diante de Deus Adão era inculpável e irrepreensível. Após a queda Adão perdeu o vínculo (comunhão) com o Autor da vida e tornou-se morto para Deus. Ele passou à
condição de culpável, repreensível e condenável diante de Deus.
Esta ‘nova’ condição de Adão é descrita e representada de diversas maneiras pelos escritores da Bíblia.
A figura da escravidão é uma maneira simples de representar a condição do homem caído. Em Deus Adão era livre, ou seja, ele estava em uma condição cômoda, não precisava tomar nenhuma decisão. Alienado de Deus passou a ser escravo do pecado e vendeu todos os seus descendentes ao pecado.
A humanidade perdeu a liberdade por estar cativa da condição proveniente da punição imposta a ofensa de Adão. Ele não ficou cativo quanto à sua vontade (livre arbítrio), e sim com relação à sua natureza. A natureza do homem passou à condição de escrava do pecado (morto), o que cortou o vínculo do homem com aquele que é a vida.
O homem era agradável a Deus quando participante da natureza divina. Após a queda esta capacidade se perdeu devido à nova condição do homem: alienado do Criador. Ele passou a servir outro senhor, o pecado. A condição de servo de Deus perdeu-se e todos quantos nascem, nascem mortos para Deus, vivos para o pecado e servindo ao pecado.
Embora o homem tenha desejo de ser livre, ele não dispõe de meios para se salvar. O homem sem Deus não consegue alcançar a vida que tinha antes por intermédio de suas ações, visto que todas elas pertencem por direito ao seu senhor, o pecado.
Muitos querem se salvar através de uma religião, boas ações, sacrifícios, bom comportamento, etc. Todas estas coisas são inócuas, uma vez que o homem continua vivo para o mundo e morto para Deus.
É neste ponto que entra a oferta redentora de Deus.
A Redenção: uma necessidade!
A figura da árvore ilustra bem a condição do homem: pelo fruto se conhece a árvore. A árvore boa produz fruto bom e a arvore má, frutos maus. Só é possível produzir frutos bons quando o homem é de novo gerado da semente incorruptível (a palavra de Deus), e daí por diante todos os seus frutos serão bons, pois são produzidos em Deus.
Quem é nascido da carne e do sangue e da vontade do varão sempre produzirá segundo a sua espécie (natureza). As suas obras não são feitas em Deus, visto que não foi plantado por Deus (Mt 15:13), ou seja, nasceu de Adão, da semente corruptível que teve origem na queda.
Neste aspecto se encaixa a figura da escravidão, visto que é impossível servir a Deus e ao mesmo tempo produzir para o pecado, ou vice-versa: servir ao pecado e produzir para Deus.
Antes de viver para Deus o homem precisa morrer para o pecado e o mundo!
Para o homem submeter a sua velha natureza à morte é preciso ter um encontro com a cruz de Cristo. É preciso morrer para depois ressurgir uma nova criatura gerada pela palavra de Deus (poder).
A necessidade da redenção é dupla: primeiro é preciso morrer para depois tornar-se participante da vida que há em Deus: ser
gerado de novo!
Muitos alegam que o homem perdeu a capacidade de crer na mensagem do evangelho, e que essa vontade só é restaurada após a regeneração. Observe que estes esquecem que não há um novo nascimento se antes não houver morte. Como morrer com Cristo se a capacidade de crer, como dizem os monergistas, só é concedida após a regeneração?
Se para morrer com Cristo o homem precisa crer na mensagem do evangelho (Mt 10:38), como é possível crer se tal ‘capacidade’ só contempla os regenerados? Se a fé vem pelo ouvir, como os mortos alcançarão fé se não podem crer sem antes serem regenerados?
O pecado de Adão fez com que a humanidade passasse a existir na condição de mortos para Deus e vivos para o mundo. Para reverter este processo, o homem precisa morrer para o mundo para voltar a ter vida em Deus, o que só é possível quando o homem crê em Cristo, conformando-se com Cristo na sua morte.
É por isso que Jesus disse a Nicodemos: Necessário vos é nascer de novo (Jo 3:7).
O novo nascimento é simples: Quando o homem obedece à verdade do evangelho recebe de Deus poder para ser feito (criado) de novo. É de novo plantado (de uma semente incorruptível). O novo nascimento se dá através da ressurreição de Cristo, pois se o homem foi sepultado na semelhança da sua morte, ressurge à semelhança de Cristo (1Pd 1:3 e 22- 23).
É por esse motivo que Paulo é enfático ao dizer que os cristãos já morreram com Cristo “Ora, se já morremos com Cristo…” (Rm 6:8). A certeza da morte com Cristo é que confirma a fé na ressurreição dentre os mortos. Sem crer que já está morto com Cristo, é impossível crer que com Ele ressurgiu.
Após crer em Jesus, o homem passa a estar vivo para Deus e mortos para o pecado (Rm 6:11). Esta condição não era assim antes de ser plantado (sepultado) com Cristo na sua morte: antes estava vivo para o pecado e morto para Deus.
Se o homem quiser livrar-se do pecado precisa ser sepultado com Cristo, ou seja, ser plantado juntamente com ele na sua morte (Rm 6:4 -5). Após morrer com Cristo o homem terá direito a comparecer perante o Tribunal de Cristo, e estará livre do Trono Branco (Rm 8:1).
É por isso que Paulo diz: “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo…”, visto que ao ser gerado de novo e na condição de nova criatura, o homem livra-se da condenação em Adão e de comparecer perante o Grande Trono Branco.
Caso houvesse somente uma condenação, o apóstolo Paulo diria: “Portanto, agora não há condenação…”, mas, como o homem foi julgado, condenado e apenado com a morte em Adão, e será apresentado perante o Trono Branco para ser julgado com relação às obras, segue-se que, para os que estão em Cristo, nenhuma condenação há.
Se permanecer na mesma condição que veio ao mundo, o homem seguirá para o Grande Trono Branco na condição de condenado à perdição eterna. Neste tribunal somente será analisada as obras do condenado, e, consequentemente, não haverá salvação (Ap 20:15).