Cartas de um Diabo ao seu aprendiz


 

 

Fitafuso e Vermebile são demônios que fazem parte do universo literário de CS. Lewis.

Ambos são apresentados no livro Cartas de um Diabo a Seu Aprendiz e podem ensinar muito mais aos crentes do que algumas pregações vazias que ouvimos por aí.

Pode parecer exagero, mas a leitura das cartas, contidas no livro, são de grande aprendizado para os cristãos modernos. Acontece que, por conta das agendas e pautas das congregações, abordamos uns temas demais e outros de menos.

 

A realidade do mundo espiritual e a sutileza do diabo e de suas armadilhas é um dos assuntos que deixamos para depois. O problema é que ele está ao derredor buscando alguém para tragar. Por isso, hoje, refletiremos sobre o tema amparados nas considerações de CS Lewis, dispostas no livro que intitula esse texto.

Fique atento à lei da ondulação

“Mas existe um método ainda melhor para explorar os momentos de baixa, que é através dos próprios pensamentos do paciente sobre eles. Como sempre, o primeiro passo é afastá-lo do conhecimento. Não o deixe sequer suspeitar da existência da lei da ondulação. Deixe-o pensar que seria natural que o entusiasmo inicial de sua conversão durasse e que deveria ter durado para sempre, e que o seu atual estado de aridez é um estado igualmente permanente. Uma vez que essa crença errônea estiver bem arraigada dentro dele, você poderá avançar de diversas maneiras.

Quando atendemos ovelhas ao longo das semanas, percebemos que o maior desafio para elas é a constância. Por mais que tenham passado por uma experiência real de espiritualidade e vivido o primeiro amor, essas lembranças parecem estar no fundo da memória – distante de quem são hoje em dia.

É natural viver períodos de esfriamento, mas se acostumar com isso é o maior perigo. Quando perdemos a comunhão com o Divino ficamos nus – completamente expostos às artimanhas de Satanás.

Por isso, a leitura bíblica, a devocional, o período de oração e a comunhão com os irmãos são tão fundamentais na caminhada cristã.

Não se deixe conformar

“Se ele for do tipo mais esperançoso, seu trabalho consistirá em fazê-lo resignar-se à atual frieza de sua alma e gradualmente contentar-se com ela, tentando convencer-se de que, afinal de contas, ela não está tão fria assim. Dentro de uma ou duas semanas, ele ficará em dúvida se os primeiros dias do seu Cristianismo não foram talvez um tanto exagerados. Converse com ele sobre “moderação em todas as coisas”. Se você conseguir fazê-lo chegar ao ponto de pensar que “a religião é benéfica só até certa medida”, você poderá então soltar fogos de artifício, pois a alma dele estará prestes a ser sua”

Diante de tantos desafios na vida cotidiana, decepcionar-se com a igreja, com os irmãos em Cristo e consigo próprio é quase natural e constante. Isso, ou qualquer outra coisa, não pode ser barreira para desanimarmos com o evangelho. Amadurecer a fé é indicado pelo próprio apóstolo Paulo, mas abandonar os pilares que construídos em nosso relacionamento com Cristo não é saudável.

Por isso, retome as disciplinas espirituais com ânimo e não se deixe enganar. Maturidade de fé não é sinônimo de frieza espiritual. No evangelho renovado, cabe oração fervorosa e dons espirituais.

Novos prazeres podem ser tentações

“E parece que você fez excelente uso de toda a vaidade intelectual, sexual e social do seu paciente. […] A primeira coisa a fazer é adiar o máximo que puder o momento em que ele se dê conta de que este novo prazer é uma tentação”

O livro de Provérbios faz inúmeros alertas sobre o risco da vaidade e da sobrenade.

A desgraça está a um passo do orgulho: logo depois da vaidade vem a queda (16.18, NBV).

Quando muito se conhece – da vida, da bíblia e das próprias experiências – mais achamos que sabemos e estamos imunes ao mal. Se somos pastores, não imaginamos armadilhas que podem nos pegar. A vaidade é inimiga do evangelho, pois nos cega a ponto de não vermos a profundidade do buraco em que nos encontramos.

C.S Lewis traz esse conceito no livro de forma muito sútil, mas, ao mesmo tempo, profunda. As tentações podem vir na forma de coisas que mais conhecemos e achamos prazerosas: uma conversa com os amigos do trabalho em um Happy-hour, por exemplo.

Tudo nos é lícito, mas nem tudo nos convém. O problema acontece quando achamos saber os nossos limites …vaidade…

Ficou mais que claro que os pequenos detalhes da vida cotidiana podem se tornar grandes brechas. O inimigo é sutil, mas eficiente. Portanto, não dê lugar ao Diabo.

Esteja firmado nas verdades sólidas do evangelho.